Épocas de infância. Comprava um
cachorrinho pra depois limpar sua sujeira. E reclamava, como reclamava. Virei
“adulta”, agora não gosto mais de animaizinhos, não sou mais aquele amorzinho
de pessoinha, mas tenho quase repetido as mesmas besteirinhas. Crescemos.
Mentalmente? Ou apenas o físico? Meus melinhos não viraram melões, como o das
minhas amigas malucas. Todos têm em si uma criança adormecida.
Eu tenho em mim um adulto
adormecido. Acho que li demais. Comi de menos. Escrevi demais. Beijei de menos.
A vida não me esperou. Meu corpo e eu ficamos. Os outros foram. 16 anos e meu
primeiro beijo do ano foi em junho, quase no fim, diga-se de passagem. Não que
eu fosse B.V., mas demorei séculos para descobrir, ou melhor, redescobrir o óbvio:
beijar é tudo de bom. Melhor que ler, eu acho. Mas vá dizer isso pra minha mãe,
vá dizer pro ENEM.
Incompetência minha. Adoro ficar
parada. Amor, tô na cama te esperando, celular – amigo, irmão. É que eu quero
me guardar pro meu marido. Não pela opinião dos outros sobre mim, mas pela
minha. Adoro me censurar, me dizer que tudo é errado. O mundo está errado, está
errado ser feliz. Eu que já fui pra cama com vários, mas nunca, nunca, transei.
Não é por você, mãe. Não se iluda. Antes era errado fazer antes do casamento,
hoje os errados são os que não fazem. Medrosos. Não sabem o que é bom.
Acredite, eu sei que é bom.
Um dia desses, ou melhor, em
junho (haha), fiquei com um garoto. A história do primeiro beijo do ano. Foi bom,
legal. Ele não entendeu até agora que eu acho legal que meu marido seja o
primeiro a me ter. “ -Ui, que “santinha” essa garota!”. Me deixou em casa
depois de uns amassos, e nunca mais me deu um “oi”, sendo que prometera não ser
“desses”. Haha, que mundo cruel! Hahaha
Isso nunca acontecera comigo. Sou
guardadinha, véi. Tudo tem sua primeira vez, certo?
Tenho tentado ler mais sobre
História. Culpa tua, ENEM. Egito, meu querido, você bem que poderia ser mais
interessante, não é mesmo? O Brasil resolve acordar justo no meu ano de
vestibular, perco minha segunda prova. Amazonas tem lá suas faculdades
decentes.
Vou pegar um táxi, rumo à Terra
do Nunca, juro que ainda acredito nela. Hahaha. Não está fácil pra ninguém, e
nós ainda fazemos questão de piorar as coisas. Eu aqui, ó. Especialista nisso.